Setealem: o universo paralelo sombrio

Setealem: universo paralelo sombrio, lenda ou seria o próprio Inferno?


Setealem. O que tem por trás desse nome que vem sendo tão difundido em redes sociais e plataformas de vídeos?

Farsa, histeria, sonho ou a concreta e definitiva prova de que universos paralelos não só existem, como se entrelaçam com nosso próprio universo? Será que nós não somos os “invertidos” e “eles” – desse mundo sombrio e infernal – não seriam os corretos e reais ocupantes do universo certo?


Tudo começou lá atrás, com um sujeito chamado Luciano Milici e seu relato sobre uma viagem de ônibus que tomou contornos estranhos e dali ecoou o nome que passou a ser corriqueiro em vários e vários relatos, Setealem. 

À partir de uma comunidade no Orkut – de onde não se tem provas concretas de que realmente existiu, uma vez que o Orkut foi encerrado em 2014 – começaram a surgir diversos relatos que se aprofundavam e dava contornos cada vez mais sombrios a experiência de Luciano. O tema “setealem” foi expandido e cada vez mais pessoas dizem ter, em algum momento, seja em sonho ou em realidade, adentrado nos domínios desse mundo bizarro, doentio, desorganizado e que parece ser o próprio inferno.


Setealem é um universo paralelo, ou seria o próprio local aonde os espíritos vão após a morte, local este presente em várias religiões e doutrinas espirituais. Ninguém sabe, mas se tem uma certeza: cada vez mais se torna uma dessas fontes inesgotáveis e prazerosas de histórias inacreditáveis que se propagam pela rede.

Como é Setealem?
Quem diz ter tido contato ou adentrado nesse mundo sombrio, relata que se trata de um local de atmosfera pesada, muito parecida com a Terra, mas com diferenças sutis, mas significativas, tais como: ausência de veículos, época antiga, construções em precárias situações de conservação e pessoas estranhas e por vezes demoníacas. 


Em Setealem, costuma-se vivenciar uma vida aparentemente normal para aqueles que ali habitam, mas muito incômoda para as pessoas “normais” que ali, de alguma maneira, adentram.

Parece que os habitantes de Setealem sentem-se incomodados com os visitantes externos, desse mundo “normal” – coloco normal entre parênteses, pois o que seria normal senão apenas o que se encontra estabelecido e embutido em cada um de nós?


Assim como as pessoas entram, elas saem desse mundo estranho e bizarramente semelhante ao nosso, mas com diferenças substanciais que parecem incomodar a alma de quem se perde nesse universo.
Abaixo, reproduzo o primeiro relato conhecido, o do Luciano Milici.

Luciano Milici
1994. Eu estava no segundo ano da faculdade. Tinha dezenove anos e lamentava o fato de que só poderia cursar o período noturno a partir do próximo ano. Os dois primeiros anos eram obrigatoriamente matutinos, o que dificultava a busca por empregos ou estágios. Até então, minha experiência se resumia a um longo período como gerente de uma vídeo-locadora, que era como se chamava o Netflix da época.

Mesmo morando longe da faculdade, eu adorava o caminho de volta. Os longos trechos à pé até chegar no ponto de ônibus para, em seguida, tomar o Metrô me permitiam observar como as pessoas eram diferentes em seus trajes, gestos e falas. Tudo aquilo era subsídio para novas histórias que eu, diariamente, escrevia. Também aproveitava o caminho para ler.

Normalmente, caminhava até lá para tomar um ônibus, qualquer ônibus – o primeiro que passasse – pois todos levavam para um ponto da avenida onde eu facilmente acessaria o Metrô. Não importava o nome, o número ou a cor do ônibus, todos obrigatoriamente iam até o fim da avenida, para então, seguirem seus itinerários. Isso era bom, porque eu não me demorava mais que dois minutos no ponto.

Naquela tarde quente de outubro, após uma exaustiva aula de Mercadologia, segui meu caminho costumeiro até uma grande e famosa avenida há alguns minutos do campus. Cheguei no ponto e coloquei um CD, acho que do Nação Zumbi, no discman. A pilha estava acabando e a voz do Chico Science parecia demoníaca. Um ônibus chegou e parou. Entrei e substituí o discman por um livro.

Em média, o trajeto demorava de vinte e cinco a trinta minutos por causa do trânsito e, quando eu tinha sorte de encontrar um banco vazio, lia várias páginas. Naquele dia, nem quinze minutos se passaram e senti a mulher ao meu lado, no banco, me cutucar. Parei de ler e olhei para ela.

- Você não vai para Setealém, vai? – ela perguntou.

Apertei os olhos, tentando entender o que ela havia dito. Teria sido Santarém?

Ela insistiu:

- Esse ônibus vai para Setealém. É melhor você descer.

Sorri para ela. O nome “Setealém” havia ficado claro, mas o conselho não fazia sentido. Olhei para os lados e todos, absolutamente todos do ônibus estavam me olhando. Uma outra mulher, em pé, um pouco mais à frente, falou:

- É, vai...desce, moço.

Próximo a ela, um rapaz com uma pasta na mão acenou positivamente com a cabeça e foi mais incisivo:

- Desce aí!

Antes que eu perguntasse o que estava acontecendo, o cobrador – que também me olhava, com o maço de notas na mão – gritou para o motorista:

- Vai desceeeeer!

O ônibus parou na hora. Ali não era um exatamente um ponto, mas eu não liguei. Levantei-me rapidamente do banco e fui em direção à porta aberta. As pessoas no corredor abriram caminho acompanhando-me com o olhar.

Desci.

Confesso que, na hora, dezenas de pensamentos me ocorreram. Seria um ônibus particular? Não. Havia um cobrador, afinal de contas. Teriam me confundido com alguém? Talvez. Assim que pisei no asfalto, o ônibus retomou o caminho, até que, estranhamente, virou à direita em uma ladeira de paralelepípedos. Um trajeto incomum.

Aquele nome "Setealém" nunca mais saiu da minha mente. Seria um bairro? Uma cidade? Perguntei aos meus conhecidos e até olhei no Guia de Ruas, uma espécie de Waze do século passado, onde seu dedo indicador fazia o papel do carrinho. Ninguém nunca reconheceu esse nome nas proximidades ou até em outro lugar do mundo.

Sei que, dias depois, passei a sonhar com Setealém e, desde então, pelo menos uma vez por mês me vejo em suas estranhas ruas, durante o sono.

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